Não há nada mais gaúcho que grenal, dizem. Mas o que é o grenal?
O grenal é mais do que vencer, é derrotar o inimigo, é vê-lo destruído, mesmo que uma eventual vitória do outro não te atingisse (tu nem estás jogando aquele campeonato). Muitas vezes eu ouço ou leio que não somos inimigos, somos adversários. Discordo! O grenal nos tornou inimigos, nos tornou monstros incapazes de compreender o que é união, do que é ser vencedor por si só. Não conseguimos.O grenal nos torna sórdidos!
Não existe a ideia “a grandeza de um faz a grandeza do outro”. A competição faz crescer? Evidente, mas não se trata de competição, se trata de uma espécie de guerra e essa guerra vai muito além do campo. Ela toma a sociedade, a política, ela destrói nossos jovens que vivem mais para apedrejar uns aos outros pela grandeza do seu time que para estudar. Afinal, parece feio estudar em tempos que um governo doa terreno para clube de futebol e não consegue pagar os professores em dia. Nunca vi nada de bom que viesse do grenal. A grandeza do grenal é uma mentira repetida a exaustão. O reflexo social desse comportamento é tão forte e enraizado que a maioria nem percebe. Olhem os debates políticos e governos que se seguem, vivem mais de destruir o que faz o outro do que fazer algo de fato. É um eterno desmanche! O grenal é a causa e a consequência da nossa absoluta falta de bom senso, da falta de percepção com o outro, da nossa falta de educação.
É cansativo demais ouvir e ler sobre o nosso futebol gaúcho, é uma eterna derrota social ver pessoas que não sabem fazer uma calçada e não souberam administrar um aeroporto tentando falar e impor seriedade sobre um jogo. Futebol não é mais que um jogo, ele é só um jogo e se você discorda disso, te falta leitura e, principalmente, noção mínima de educação.
Vamos para grenais na Libertadores, o Rio Grande vai parar, dizem, e acho que isso diz muito sobre o Rio Grande. Sei lá…
—
Anderson Kegler
Deixe um comentário