O Mesa de Bar do Grêmio, para comemorar seu 10º aniversário, lança a campanha “O último 10” onde vamos trazer um texto de cada integrante sobre um camisa 10 diferente. Hoje, Gabriel Pinto escreve sobre Douglas, o Maestro.
“Desde que joguei no Criciúma tenho vontade de defender o Grêmio, é um sonho que se realiza.”
Foi com essa frase emblemática que Douglas dos Santos, o Douglas, estreou com a camisa 10 tricolor em 7 de fevereiro de 2010. O complexo esportivo da Ulbra foi o local que recebeu pela primeira vez um dos ícones do tricolor, seja pro bem, seja pro mal.
As duas passagens do jogador pelo Grêmio foram de muitas controvérsias. Houveram momentos ruins, tensos, de rusgas e até mesmo separações contundentes, mas os bons momentos, esses foram muito maiores e marcaram positivamente o craque da camisa 10.
Desde a estreia em 2010 até a despedida em 2018, Douglas disputou 253 jogos com a camisa tricolor e fez 45 gols. Mas mais do que gols, o camisa 10 deixou sua marca com muitas assistências e taça no armário.
Na primeira passagem, de 2010 a 2012, o jogador ficou marcado pelo belo desempenho sob a batuta de Renato Portaluppi. Sob o comando do ídolo tricolor, o craque da camisa 10 colecionou bons momentos e grandes frases na época:
“”Craque comigo não marca, joga”. Foi com essa frase que o técnico Renato definiu a volta do bom futebol do meia Douglas no Grêmio.”
Tanto joga que foi convocado por Mano Menezes para a Seleção Brasileira e num amistoso contra a Argentina protagonizou outro lance bastante famoso. Num contra-ataque argentino, o microfone a beira de campo captou o então técnico canarinho proferindo palavras de carinho para o maestro tricolor, que havia perdido a bola no meio de campo.
Messi fez o gol e Douglas não voltou mais para a Seleção. Azar da amarelinha.
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Por sua personalidade controversa, o meia começou um desgaste no Grêmio ainda no final de 2011 que acabou culminando na sua saída do clube no início da temporada de 2012. Sem querer renovar o contrato e com a chance de voltar para o Corinthians, onde havia sido campeão da Copa do Brasil em 2009, o maestro deixou as três cores de lado e voltou para São Paulo apenas com o título do Gauchão de 2010 conquistado no sul.
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Após uma passagem vitoriosa por Corinthians e acabar indo para o Vasco na sequência, o maestro se viu numa fase ruim na carreira e nada melhor do que uma velha casa para se reencontrar.
O retorno aconteceu no início da temporada de 2015 com 32 anos na época, para ser novamente um “maestro” a frente de uma nova reformulação no tricolor. Primeiramente sob o comando de Felipão, o meia não se destacou tanto, mas quando Roger Machado assumiu o Grêmio, Douglas teve papel fundamental para a trajetória que culminou no título da Copa do Brasil em 2016.
Aquele Grêmio de 2015 para 2016 jogou o fino da bola sob a chancela do maestro pifador. Fazendo um papel mais de atacante, quem não se lembra daquele golaço no Brasileirão de 2015 contra o Atlético MG, em pleno Mineirão?
Apesar da temporada não ter terminado com títulos e em 2016 o início não ser tão promissor, no fundo, nós sabíamos que algo estava reservado para o maestro com a camisa do Grêmio.
“O Douglas é diferenciado, é um meia que todo treinador gostaria de ter. Poucos fazem a função que ele faz. Apesar dos 34 anos, foi importantíssimo na campanha. O grupo sente ele, tem total confiança nele. Procura ele em campo. Ele joga bonito, faz o time jogar bonito”, elogiou Renato Gaúcho.”
Se tem alguem com credencial para falar do Douglas, esse alguém é Renato. Já sob o comando do nosso ídolo, Douglas desfilou nos gramados com a camisa gremista e foi eleito o craque da Copa do Brasil de 2016. Só isso não seria suficiente sem o título, sem lavar a alma, sem ser o maestro que tanto queríamos para coroar aquele momento.
O Mineirão foi palco novamente de outro gol importantíssimo do maestro.
Mas tudo que é bom também chega ao fim. Depois de levantar a taça em 2016, a temporada seguinte começou já decretando um caminho sem volta para o final da carreira do maestro. Com uma lesão no ligamento do joelho logo no início de 2017, o jogador ficou quase 8 meses parados até ter a esperança de voltar a jogar, porém uma nova lesão o obrigou a uma outra cirurgia em outubro de 2017 e ali sim, o ciclo começava a se encerrar.
Em junho de 2018, após praticamente 1 ano e meio sem jogar bola, o maestro voltou a campo vestindo a tricolor.
“A sensação é maravilhosa. Depois de 500 dias sem poder jogar pude voltar e entrar em campo, fazer o que eu gosto, e é muito bom. Estou tentando desfrutar da melhor maneira possível.”
E por mais que a volta dele não tenha sido no melhor momento tricolor, a torcida ainda nutria alguma esperança de vê-lo fazer a diferença para o Grêmio naquele ano, que ainda viria a chegar na semi-final da Libertadores. O jogador contribuiu pouco naquele final de ano e o próprio time já rendia bem sem Douglas. Com 34 anos e com dúvidas sobre a sua melhor forma física, o Grêmio decidiu por não renovar o contrato do maestro ao fim da temporada e a despedida foi justamente contra o Corínthians, clube que o maestro também se destacou.
Douglas vestiu a camisa do Grêmio em 243 oportunidades e marcou 44 gols. Incontáveis assistências, jogadas de craque, lançamentos perfeitos, dribles desconcertantes. Teve lampejos de Messi e marcou a passagem na seleção contra o Messi. Deu carrinho como a torcida gostava e vibrou quando precisou. Xingou, cornetou, discutiu e amou o Grêmio.
Nunca esqueceremos do craque, o Doga10, o Maestro tricolor.
Obrigado Douglas por ter vestido a camisa 10 tricolor de maneira espetacular.
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